O MODERNISMO (1922 - ...........)

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    Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.
   Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música modernas.
  O movimento moderno baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram permanentes e eminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo.
  A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste sentido, ela é sinônimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-cultural, moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante diversos.
  No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham a toda realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes delimitada pelos padrões acadêmicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma para se criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro Macunaíma, o retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral, o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.

ORIGEM DO MODERNISMO
A renovação estética nas artes do fim do século XIX.
  A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de guerras e revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em um conjunto de doutrinas atualmente identificadas com o movimento romântico, focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da Natureza como um tema padrão na arte, meios de expressão revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da metade do século, entretanto, uma síntese destas ideias e formas de governo estáveis surgiram. Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na ideia de que o que era "real" dominou o que era subjetivo. Exemplificada pela realpolitik de Otto von Bismarck, ideias filosóficas como o positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.
   Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de instituições, noções comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em normas religiosas encontradas no Cristianismo, normas científicas da física clássica e doutrinas que pregavam a percepção da realidade básica externa através de um ponto de vista objetivo. Críticos e historiadores rotulam este conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não ser universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista estabeleceram uma valorização da razão e do sistema.
   Contra estas correntes estavam uma série de ideias. Algumas delas eram continuações diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram os movimentos bucólicos e revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a filosofia de John Ruskin). O Racionalismo também manifestou respostas do anti-racionalismo na filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da história gerou respostas de Friedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard, principal precursor do Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud ofereceu uma visão dos estados subjetivos que envolviam uma mente subconsciente repleta de impulsos primários e restrições contrabalançantes, e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma crença na essência natural para estipular um inconsciente coletivo que era repleto de tipologias básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu. Todas estas reações individuais juntas, porém, ofereceram um desafio a quaisquer ideias confortáveis de certeza derivada da civilização, da história ou da razão pura.
   Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A primeira seria o Impressionismo, a partir de 1872, uma escola de pintura que inicialmente preocupou-se com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos estúdios. Argumentava-se que o ser humano não via objetos, mas a própria luz refletida pelos objetos. O movimento reuniu simpatizantes e, apesar de divisões internas entre seus principais membros, tornou-se cada vez mais influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão III viria a criar o Salon des Refusés, que expôs todas as pinturas rejeitadas pelo Salon de Paris). Enquanto muitas obras seguiam estilos padrão, mas por artistas inferiores, o trabalho de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as portas do mercado da arte para o movimento.
   A segunda escola seria o Simbolismo, marcado pela crença de que a linguagem é um meio de expressão simbólico em sua natureza, e que a poesia e a prosa deveriam seguir conexões que as curvas sonoras e a textura das palavras pudessem criar. Tendo suas raízes em As Flores do Mal, de Baudelaire, publicado em 1857, poetas Rimbaud, Lautréamont e Stéphane Mallarmé seriam de particular importância para o que aconteceria dali a frente.
Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam trabalhando de forma a eventualmente serem usadas como base para uma forma radicalmente diferente de arte e pensamento.
   Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras como a Torre Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que determinavam o quão alto um edifício poderia ser e ao mesmo tempo possibilitava um ambiente para a vida urbana notadamente diferente dos anteriores. As misérias da urbanização industrial e as possibilidades criadas pelo exame científico das disciplinas seriam cruciais na série de mudanças que abalariam a civilização europeia, que, naquele momento, considerava-se tendo uma linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a Renascença.
   A marca das mudanças que ocorriam pode ser encontrada na forma como tantas ciências e artes são descritas em suas formas anteriores ao século XX pelo rótulo "clássico", incluindo a física clássica, a economia clássica e o ballet clássico.

O advento do modernismo (1890-1910)
   Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada em ideias e técnicas atuais. Daí Gustav Mahler considerar a si próprio um compositor "moderno" e Gustave Flaubert ter proferido sua famosa frase "É essencial ser absolutamente moderno nos seus gostos". A aversão à tradição pelos impressionistas faz destes um dos primeiros movimentos artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como "moderno". Na literatura, o movimento simbolista teria uma grande influência no desenvolvimento do Modernismo, devido ao seu foco na sensação. Filosoficamente, a quebra com a tradição por Nietzsche e Freud provê um embasamento chave do movimento que estaria por vir: começar de novo princípios primários, abandonando as definições e sistemas prévios. Esta tendência do movimento em geral conviveu com as normas de representação do fim do século XIX; frequentemente seus praticantes consideravam-se mais reformadores do que revolucionários.
   Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante, uma linha de pensamento passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as normas prévias, e ao invés de meramente revisitar o conhecimento passado à luz das técnicas atuais, seria preciso implantar mudanças mais drásticas. Cada vez mais presente integração entre a combustão interna e a industrialização; e o advento das ciências sociais na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, uma série de escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios tradicionais de se organizar a literatura, a pintura, a música - novamente, em paralelo às mudanças nos métodos organizacionais de outros campos. O argumento era o de que se a natureza da realidade mesma estava em questão, e as suas restrições, as atividades humanas até então comuns estavam mudando, então a arte também deveria mudar.

Artistas que fizeram parte do modernismo
   Alguns marcos são as músicas de Arnold Schoenberg, as experiências pictóricas de Kandinsky que culminariam na fundação do grupo Der blaue Reiter em Munique e o advento do Cubismo através do trabalho de Picasso e Georges Braque em 1908 e dos manifestos de Guillaume Apollinaire, além, é claro, do Expressionismo inspirado em Van Gogh e do Futurismo.
   Bastante influentes nesta onda de modernidade estavam as teorias de Freud, o qual argumentava que a mente tinha uma estrutura básica e fundamental, e que a experiência subjetiva era baseada na relação entre as partes da mente. Toda a realidade subjetiva era baseada, de acordo com as idéias freudianas, na representação de instintos e reações básicas, através dos quais o mundo exterior era percebido. Isto representou uma ruptura com o passado, quando se acreditava que a realidade externa e absoluta poderia impressionar ela própria o indivíduo, como dizia por exemplo, a doutrina da tabula rasa de John Locke.
Entretanto, o movimento moderno não era meramente definido pela sua vanguarda mas também pela linha reformista aplicada às normas artísticas prévias. Esta procura pela simplificação do discurso é encontrada no trabalho de Joseph Conrad. Nota-se em Mário de Andrade, com suas retrições à Poesia Pau-Brasil que não o tornam absolutamente um vanguardista. As consequências das comunicações modernas, dos novos meios de transporte e do desenvolvimento científico mais rápido começaram a se mostrar na arquitetura mais barata de se construir e menos ornamentada, e na redação literária, mais curta, clara e fácil de ler. O advento do cinema e das "figuras em movimento" na primeira década do século XX possibilitaram ao movimento moderno uma estética que era única, e novamente, criaram uma conexão direta com a necessidade percebida de se estender à tradição "progressiva" do fim do século XX, mesmo que isto entrasse em conflito com as normas estabelecidas.
   A tentativa de reproduzir o movimento das imagens com palavras surgiu primeiramente com o Futurismo de Marinetti, na Itália, que publicou o primeiro manifesto no ano de 1909. Baseados nas experiências de Sergei Eisenstein no cinema, os cubo-futuristas russos, como Vladimir Maiakovski conseguiram subsequentemente concretizar esta intenção dos primeiros futuristas.
  Após o Futurismo, surgem várias vanguardas na literatura e na poesia, como o Expressionismo e o Cubismo, importados das artes plásticas, o Dadaísmo e o Surrealismo, a partir da relação com a estética de escritores e poetas da segunda metade do século XIX, com suas novas formas de explorar a psique humana e com a linguagem verbal.
No entanto, muito influenciada pelas ideias do futurismo, surge também uma linha do movimento moderno que rompeu com o passado ainda a partir da primeira década do século XX de forma mais branda que as vanguardas, e tentou redefinir as várias formas de arte de uma maneira menos radical. Seguindo esta linha mais branda vieram escritores de língua inglesa como Virginia Woolf, James Joyce (que depois tornou-se mais radical e mais próximo das vanguardas), T.S. Eliot, Ezra Pound (com ideias claramente próximas ao futurismo), Wallace Stevens, Joseph Conrad, Marcel Proust, Gertrude Stein, Wyndham Lewis, Hilda Doolittle, Marianne Moore, Franz Kafka e William Faulkner. Compositores como Arnold Schönberg e Igor Stravinsky representaram o moderno na música. Artistas como Picasso, Matisse, Mondrian, os surrealistas, entre outros, o representaram nas artes plásticas, enquanto arquitetos como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Walter Gropius e Frank Lloyd Wright trouxeram as ideias modernas para a vida urbana cotidiana. Muitas figuras fora do modernismo nas artes foram influenciadas pelas idéias artísticas, por exemplo John Maynard Keynes era amigo de Virginia Woolf e outros escritores do grupo de Bloomsbury.

pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo -
                                  
MODERNISMO - Por  Sílvio Anaz     
 INTRODUÇÃO           
   O Modernismo foi a mais radical ruptura com o passado na história da arte. A rebeldia modernista era tal que o movimento atacou a própria modernidade, ao mesmo tempo em que se sentia muito entusiasmado pelos tempos modernos. A energia criativa do Modernismo, que se estendeu do final do século 19 até os anos 60 no século 20, gerou um dos períodos culturais mais ricos da história. Foram tempos em que as artes vivenciaram um experimentalismo nunca antes visto e em que se buscou incessantemente uma total liberdade de expressão.
   Tudo começou quando as principais características da modernidade passaram a ter um significativo impacto cultural. Na segunda metade do século 19, a Revolução Industrial já havia provocado uma transformação radical com as fábricas, as máquinas automatizadas, as ferrovias e a vertiginosa expansão dos centros urbanos. A vida cotidiana começava a sofrer o impacto dos novos recursos de comunicação, graças às invenções do telégrafo, do telefone e do rádio. Politicamente, havia o fortalecimento dos Estados nacionais, a formação de poderosas burocracias governamentais e os movimentos sociais de massa. O racionalismo e uma cultura secular ganhavam terreno rapidamente frente à religiosidade e à união Igreja-Estado. Além disso, os valores relacionados ao individualismo e ao capitalismo se consolidavam, mas também eram contestados pelas idéias socialistas. Foi nesse agitado ambiente que o movimento modernista surgiu e manteve-se em evidência.
  Uma nova mentalidade emergiu nesse período. Diante de novos conhecimentos, possibilidades e percepções do mundo, o ser humano teve de encarar uma vida muito mais complexa e contraditória do que a de seus ancestrais. O efêmero, o gosto pelo novo e a renovação constante passaram a fazer parte da rotina das pessoas. Para expressar e responder aos anseios e às angústias dessa nova etapa da modernidade, a arte respondeu com experimentações radicais principalmente na literatura, nas artes visuais, na arquitetura, no teatro, na dança e na música.
   Entre os modernistas, existiam os que viam a modernidade com um extremado e acrítico entusiasmo, como os futuristas com sua exaltação da tecnologia, numa época em que o homem se extasiava com o surgimento do avião, dos transatlânticos e do automóvel. Existiam também aqueles que se rebelaram contra alguns dos valores modernos apesar de neles se inspirarem, como os dadaístas, com sua ênfase num aparente irracionalismo e no niilismo.
  A modernidade dos séculos 19 e 20 foi um período de grandes transformações econômicas, sociais e culturais no Ocidente. Foi a época em que mais rapidamente avançaram e prevaleceram as idéias otimistas do Iluminismo, de uma sociedade baseada na razão, na ciência, na busca da verdade, no humanismo, na democracia liberal, no individualismo e na liberdade. Mas foi também o momento em que o homem protagonizou o terror e a barbárie das duas grandes guerras mundiais. E a principal expressão cultural desse momento histórico foi o Modernismo. Com suas vanguardas e fragmentados movimentos artísticos, desde o Expressionismo nas artes plásticas até o Concretismo na poesia, o Modernismo refletiu amplamente as contradições e a vitalidade da modernidade.
    Nas páginas a seguir descubra como o movimento modernista se manifestou nas principais expressões artísticas, como a literatura, as artes plásticas, o teatro, a música e a arquitetura.

MODERNISMO NAS ARTES PLÁSTICAS E NA ARQUITETURA
   O Modernismo revolucionou as artes visuais e a arquitetura. Em vez de retratar eventos e personagens históricos, o que importava era o cotidiano da vida contemporânea. No lugar de obras que reproduzissem a natureza ou o mundo como eram vistos, o objetivo era mostrar nas pinturas e esculturas como o artista percebia a realidade dentro da mais pura abstração. No lugar das construções ornamentadas que reciclavam o passado, surge uma arquitetura aerodinâmica e despojada, inspirada nas máquinas e inventora dos arranhas-céus. A tradição e todas as suas regras e convenções foram atacadas pelos artistas modernistas, que proclamaram que qualquer tema e forma eram válidos.
   O Modernismo nas artes plásticas começou a nascer com o Impressionismo. Movimento que surge na França na segunda metade do século 19, ele foi o primeiro a romper com a arte acadêmica. A idéia era apresentar a percepção sensorial ou a “impressão” que o artista tinha da realidade. Pintores como Edouard Manet, Claude Monet, Edgar Degas e Pierre-Auguste Renoir foram expoentes desse movimento. Enquanto o Impressionismo agitava o mundo das artes com sua nova concepção de luz e cor, o mundo da escultura descobria a genial modernidade de Auguste Rodin. Contra os padrões rígidos neoclássicos, Rodin produziu esculturas que revelavam sua percepção e seu sentimento, como ao distorcer a anatomia de algumas personalidades retratadas.
   A partir do Impressionismo, o universo das artes visuais viveu uma sucessão de movimentos fragmentados que rompiam de forma cada vez mais radical com os padrões anteriores. Foi assim com o Expressionismo, que mostrava as emoções extremas do ser humano, como no quadro “O Grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, e com o Simbolismo e seu mundo de fantasias e fantasmas. Mas é com o surgimento das vanguardas artísticas no começo do século 20 que o Modernismo explodiu em criatividade e radicalismos. Elas romperam com todos os traços de tradição que restavam. Com as vanguardas vieram principalmente o Fovismo, com suas cores vibrantes e totalmente distorcidas da realidade, o Futurismo e sua exaltação à velocidade e à vida moderna, o Cubismo, com suas formas angulares ou curvas espalhadas pela tela, o Dadaísmo, com seu nonsense escandalizador, e o Surrealismo, filho direto do dadaísmo que acrescentou alucinações e o inconsciente às artes plásticas.

MODERNISMO NA LITERATURA E EM OUTRAS ARTES
   A revolução modernista na literatura começou a ser semeada entre 1855 e 1857 quando Walt Whitman laçou “Folhas da Relva”, nos Estados Unidos, e Charles Baudelaire publicou “Flores do Mal”, na Europa. Dos dois lados do atlântico, a vida e os valores da modernidade viravam poesia. Cerca de meio século depois, com os lançamentos de “O Caminho de Swann”, de Marcel Proust, “Filhos e Amantes”, de D.H. Lawrence, “Os Dublinenses”, de James Joyce, “Manifesto Vorticista”, de Ezra Pound, e “Morte em Veneza”, de Thomas Mann, consolidava-se a estética modernista na literatura.
   O individualismo exacerbado, a fascinação pela vida moderna e urbana e pela tecnologia, os temas cotidianos e da cultura popular, uma linguagem inventiva, o que incluiu a incorporação da fala coloquial, dos versos livres e da ruptura com os cânones literários, e narrativas fragmentadas e descontínuas foram algumas das principais inovações que o Modernismo trouxe para a literatura.
   A primeira metade do século 20 assistiu a um verdadeiro florescimento literário modernista. Autores como Virginia Woolf (“Orlando”, 1928), T. S. Eliot (“The Waste Land”, 1922), William Faulkner (“O Som e a Fúria”, 1929), Ernest Hemingway (“Por Quem os Sinos Dobram, 1940), Franz Kafka (“A Metamorfose”, 1915) foram alguns dos expoentes do período. No Brasil, um componente nacionalista deu uma particularidade a mais no modernismo na literatura. A partir dos manifestos da Poesia Pau-Brasil, Antropofágico e Verde-Amarelismo procurou-se trazer as novidades da vanguarda da arte internacional e incluir elementos nacionais. Mário de Andrade (“Macunaíma”, 1928), Oswald de Andrade (“Pau Brasil”, 1925), Manuel Bandeira (“Libertinagem”, 1930), Érico Veríssimo (“O Tempo e o Vento”, 1949-1962), Graciliano Ramos (“Vidas Secas”, 1938) e Raquel de Queiroz (“O Quinze”, 1930) foram alguns dos autores que se destacaram no modernismo literário brasileiro.
   A literatura modernista nasceu subversiva e impulsionada por vanguardas artísticas que lançaram vários manifestos. Um dos primeiros foi o manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Marinetti e publicado em 1909. Coragem, audácia e revolta deveriam ser os elementos essenciais da poesia futurista e seus seguidores devotariam o amor à velocidade, ao perigo, à pátria e à guerra. O futurismo identificou-se nas décadas seguintes com o fascismo. Em 1916, para protestar contra a loucura da Primeira Guerra Mundial, um grupo de artistas refugiados em Zurique (Suiça) lança o manifesto Dadá, um dos mais importantes do Modernismo, que daria origem ao Dadaísmo, um movimento contra tudo. Versos nonsense declamados em várias línguas, obscenos e agressivos eram um das formas do Dadaísmo escandalizar e denunciar um mundo sem sentido. Em 1924, o escritor francês André Breton lançou o manifesto Surrealista, um dos mais famosos do movimento modernista. Nele propunha uma arte feita a partir do inconsciente, que escapasse ao controle da consciência, e que possibilitasse uma livre associação entre os sonhos, as alucinações e a realidade.
   A revolução modernista também chegou às outras artes. No cinema, “Cidadão Kane”, dirigido por Orson Welles e lançado em 1941, é um dos melhores exemplos da estética modernista na sétima arte. Além das inovações na narrativa, o filme trouxe várias transformações tecnológicas e estilísticas, como os planos nada convencionais para a época – com tomadas de baixo para cima, imagens distorcidas, focos diferenciados e efeitos de profundidade –, além de uma inusitada iluminação. No teatro, as peças de Luigi Pirandello (“Seis Personagens à Procura de um Autor”, 1921) e de Samuel Beckett (“Esperando Godot”, 1952) mudaram os rumos da dramaturgia. Na dança, as primeiras décadas do século 20 trouxeram uma transformação radical. Os trabalhos do russo Vaslav Nijinsky e da norte-americana Isadora Duncan deram novos padrões ao balé clássico.

A Semana de Arte Moderna de 1922
   Logo ao entrar no saguão do Teatro Municipal de São Paulo era possível ver uma exposição de obras estranhas, modernas e exóticas. Seus autores eram novos nomes nas artes plásticas nacionais, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret. Após atravessar o saguão e entrar na platéia, o público poderia assistir a uma conferência de Graça Aranha, prestigiado escritor e diplomata, recém-chegado da Europa. O tema era “A Emoção
   Era o ano do Centenário da Independência do país. Nesse clima tão propício, um grupo de artistas e intelectuais, patrocinados por ricos fazendeiros e comerciantes de café, ocupou o Teatro Municipal de São Paulo para mostrar sua nova e moderna arte. A cidade, que viu sua população crescer dez vezes entre 1890 e 1920 e vivia um processo de urbanização e modernização frenético para os padrões da época, tinha a atmosfera certa para abrigar os modernistas. Mas mesmo assim, ela assistiu estupefata, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, às apresentações de poesia, música, dança, artes plásticas, discursos e conferências. A elite paulistana reagiu na maior parte das apresentações com vaias e insultos, provavelmente de acordo com a expectativa dos modernistas, que pretendiam escandalizar com suas idéias e performances.
   A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o ponto alto de uma movimentação de jovens artistas e intelectuais contra o academicismo que tomava conta das artes brasileiras. Desde uma década antes as influências das vanguardas européias repercutiam no Brasil, como nas exposições expressionistas de Lasar Segal, em 1913, e de Anita Malfatti, em 1914 e 1917, ou nos versos livres da obra “Carnaval”, de Manuel Bandeira, lançada em 1919. Mas é somente a partir de toda a movimentação em torno da Semana de Arte Moderna que o Modernismo ganha um marco definitivo, ainda que tardiamente, no Brasil.
Com ela procurou-se consolidar e tornar pública a proposta de renovar nossas artes, a partir de uma permanente atualização e pesquisa estética e de ruptura com os cânones acadêmicos puristas, além da introdução de temáticas nativistas. Os modernistas buscavam ainda introduzir a linguagem coloquial, a cultura popular, a livre expressão e o modo de pensar da vida moderna.
   Após a realização da Semana, São Paulo se torna o centro das idéias modernistas no Brasil. O vigoroso processo de urbanização e de industrialização da cidade e a influência da imigração italiana na época criaram uma atmosfera propícia a isso. Nesse ambiente, que se identificava plenamente com os ideais modernistas, jovens artistas e intelectuais encontram espaço para desenvolverem uma nova e progressista arte.

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O MODERNISMO NO BRASIL1) PERIODIZAÇÃO
     Existem duas classificações para o Modernismo, com marcos nas seguintes datas:
    A) 1922 – 1930  - 1945, a saber:
1922 a 1930 – primeira fase do Modernismo, chamada de “fase heróica”, período revolucionário e predomínio da poesia.
1930 a 1945 – segunda fase do Modernismo, chamada de “fase de consolidação”, predomínio da prosa de ficção. De 45 em diante é crítico e formalista (forma perfeita).
    B) 1922 até hoje (estudos feitos em 1970, nesta época esta era a periodização aceita pelos Vestibulares)

2) CAUSAS DO MODERNISMO
A) Fins do século XIX e início do século XX – formação de um espírito revolucionário, consciência nova da realidade nacional, inconformismo político.
B) 1914 – 1918 – I Grande Guerra Mundial.Fim de uma era, de um mundo, o mundo do século XIX  - transformações profundas na realidade cultural, social, econômica e política
NO BRASIL:
- 1922 – Levante Militar (Levante dos 18 de Copacabana)
- 1924 – Revolta em São Paulo (Isidoro Dias Leite)
- 1925 – 1927 – Coluna Prestes (Luis Carlos Prestes)
- 1929 – Crack da Bolsa de Nova York (Crise do Café)
- 1930 – Revolução de Outubro (Revolução Tenentista )
- 1932 – Revolução Constitucionalista de 32 (São Paulo contra Getúlio Vargas)
- 1937 – Ditadura de Getúlio Vargas  - censura brutal (Estado Novo)
- 1945 – Fim da II Grande Guerra Mundial (Queda de Getúlio Vargas)

3) MARCOS DO MODERNISMO BRASILEIRO
 1917 – Exposição de Pintura de Anita Malfatti
Confronto de NOVOS  X  VELHOS
-  Novos = futuristas – Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pecchia
- Velhos = passadistas (Mistificação ou Paranóia,  de Monteiro Lobato)
- 1916 – 1921 – Manifestações esparsas de preocupação com novas tendências artísticas (Ronald de Carvalho), Epigramas Irônicos e Sentimentais, escrito em 1921, vindo a público em 1922.
- O escritor mais importante dessa época é Manuel Bandeira., que escreve poemas de tendência inovadora, exemplos “Os Sapos”, sátira à literatura parnasiana e “Poema da Terça-Feira Gorda”, escrito em versos livres.
- Mário de Andrade – artigo de jornal “Paulicéia Desvairada’,  e  “Prefácio Interessantíssimo”, somente depois publicado (idéias modernistas, desvairismo)
- Oswald de Andrade – artigo de jornal “Memórias Sentimentais de João Miramar”, escrito desde 1916, publicado em 1924.
- Menotti del Picchia – artigo de jornal
1922 – fevereiro – Semana da Arte Moderna em São Paulo, no Teatro Municipal.
PINTURA  - Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti
ESCULTURA – Victor Brecheret
MÚSICA – Heitor Vila Lobos, Guiomar de Novais

LITERATURA – Mário de Andrade (22), Oswald de Andrade (22), Guilherme de Almeida (Vem do Parnasianismo), Ronald de Carvalho (Pós-Parnasiano), Manuel Bandeira (Pós-Simbolista), Ribeiro Couto, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Graça Aranha (convidado para líder ostensivo, devido ao seu grande prestígio e reconhecido saber)

1924 – episódio da Academia Brasileira de Letras (Graça Aranha)
1930 – surgimento de uma nova geração de escritores, seguidores do Modernismo: predomina a prosa de ficção, substituindo a revolta pela construção:
Murilo Leite, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego, Murilo Mendes, Vinicius de Morais, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e outros. Na Lieratura Brasileira, firma-se o Romance de 30, surgimento do Romance Regionalista Social.
1945 – Nova geração de escritores “Geração de 45” (racionalismo), exceção de João Cabral de Melo Neto. Estilo crítico e de apuramento formal.
- O Movimento espalhou-se por todo o País, sobretudo Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.

4) CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
1 – Ideal de libertação estética (oposição violenta à Literatura do passado imediato – pós naturalismo, pós-parnasianismo e pós-simbolismo.
2 – Ideal de experimentação constante (busca de novos rumos artísticos: nova linguagem, vocabulário, sintaxe, prosódia próximo do coloquial)

Transformação na cultura:
- novo mundo, novo homem
- novas estruturas da sensibilidade
- novos meios de comunicação
Nas Artes:
- ideal de libertação estética
- rejeição das tendências do século XIX
- experimentação constante, busca incessante de novos rumos
- Expressionismo, Cubismo, Futurismo (Marinetti) - designava o Movimento, que passou a se chamar Modernismo a partir da Semana de 22, Dadaísmo, Surrealismo (os ismos de vanguarda que vivificam a Literatura no ocidente)
3 – Temas: nova visão do mundo – temas do presente, cotidiano, tempo presente.
4) Liberdade total na forma. Libertação da sintaxe, da rima, sujeito perseguindo o objeto. Apresenta o substantivo nu (essência), com o objetivo de libertá-lo do acessório (adjetivo e advérbio).
5 – Economia na linguagem – o autor procura a síntese.
6 – O século XX descobriu a velocidade das coisas. A beleza está na velocidade. Na Literatura isto se resume na expressão: “A Literatura precisa informar o máximo no mínimo de palavras”

5) EXEMPLO DE TEXTO: PAISAGEM Nº 3 (PAULICEÉIA DESVAIRADA) DE MÁRIO DE ANDRADE
Chove?
Sorri uma garoa cor de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo...
A casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar...

Ali em frente... – Mário, põe a máscara!
- Tens razão, minha Loucura, tem razão,
O rei de Tule fogou a taça ao mar...

Os homens passam encharcados...
Os reflexos dos vultos curtos
Mancham o petit-pavê...
As rolas da Normal
Esvoaçam entre os dedos da garoa.
(E se pusesse um verso de Cristal
No De Profundis?...)
De repente
Um raio de sol arisco
Risca o chuvisco ao meio.

www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/460538 -

SEMANA DE ARTE MODERNA - Por Ana Lucia Santana

   A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências européias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
   Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o conseqüente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
   O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
   A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna.
   O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
   Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
   A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes uma coletânea de idéias comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.

Como foi
  A Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a explosão de idéias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os sapos, foi desaprovado pela platéia através de muitas vaias e gritos.
  Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao inserir suas idéias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico.
   Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da estética européia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.

Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna:
- Durante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho) , o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma a desaprovação.
- No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.

Personagens Principais da Semana de Arte Moderna
  A Semana de Arte Moderna que aconteceu nos dias 13,15 e 17 de fevereiro no Teatro Municipal em São Paulo,reuniu diversos escritores e artistas.
  Confira o grupo de jovens artistas contestadores que,com o tempo,se tornaram eles próprios,clássicos.

Oswald de Andrade
Oswald de Andrade (1890-1954) foi o mais transgressor e experimental dos modernistas, autor de irônicos discursos e artigos de ataque aos “passadistas”, nos meses próximos à Semana de 1922, da qual foi um dos idealizadores. “A alegria é a prova dos nove”, declarou no “Manifesto Antropófago” de 1928, que defendia de forma poética uma língua brasileira e a metáfora do canibalismo do índio que deglute o estrangeiro. Era a ideia de antropofagia como caminho para a cultura brasileira, reaproriada pela Tropicália nos anos 1960. Esse projeto construtivo de um modernismo ligado à brasilidade já tinha se anunciado no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, de 1924, que deu origem ao livro “Pau-Brasil”, publicado no ano seguinte.

Anita Malfatti
Em 1917, depois de estudar pintura em Berlim — onde teve contato com o expressionismo alemão — e Nova York, Anita Malfatti (1889-1964) fez a primeira exposição no país a se autodenominar “moderna”. A mostra entrou para a História pela crítica feroz de Monteiro Lobato, que condenou sua “arte caricatural” tipicamente europeia, vinculando-a à perturbação mental. Já para Oswald de Andrade, sua pintura causava “impressão de originalidade e de diferente visão”. Cinco anos depois, Anita foi uma das principais atrações da exposição que abriu a Semana de Arte Moderna, com telas como “O homem amarelo”, “A estudante russa” e “A ventania”. A maior parte dessas obras, no entanto, era de anos anteriores, porque em 1922 Anita já tinha voltado à pintar de forma mais convencional.

Mário de Andrade
Um dos principais articuladores da Semana, Mário de Andrade (1893-1945) foi um teórico central do modernismo brasileiro. O prefácio de “Pauliceia desvairada”, publicado pouco depois da Semana, inspirou a fase inicial do movimento. A pesquisa folclórica e a linguagem inventiva de “Macunaíma” (1928) definiram o lugar que o modernismo ocupa até hoje no imaginário nacional. Nas décadas seguintes, foi interlocutor de autores das novas gerações, como Drummond e Sabino, e publicou trabalhos importantes sobre música tradicional brasileira.

Menotti del Picchia
Publicado em 1917, o poema “Juca Mulato”, de Menotti del Picchia (1892-1988) chamou atenção por mesclar formas clássicas, disposição gráfica ousada e temas nacionais. Em 1922, teve atuação incendiária na Semana, com uma palestra sobre estética modernista que recebeu aplausos entusiasmados e vaias indignadas. Mais tarde, alinhou-se a um ramo nacionalista do movimento, o “verde-amarelismo”, com Cassiano Ricardo e Plinio Salgado (que também participou da Semana e, em 1932, fundou a Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita).

Heitor Villa-Lobos
Se a Semana de 1922 foi um evento de São Paulo, sua grande estrela foi um carioca. Convocado pelos modernistas paulistas em viagem ao Rio, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) teve 20 composições interpretadas nos três dias de programação, e um dia todo dedicado a ele, único compositor brasileiro na Semana. Foi aplaudido e também vaiado, pela estranheza causada pelos tambores e instrumentos populares de congado incorporados à orquestra. Mais do que a participação intensiva na semana, a importância do maestro para o modernismo brasileiro está na criação de uma linguagem própria na música nacional, unindo elementos de músicas folclóricas e indígenas já no fim dos anos 1910.

Manuel Bandeira
O pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968) já era um poeta estabelecido na época da Semana. Na década anterior, difundira o verso livre em textos críticos e em obras como “Carnaval”, de 1919. Doente, não pôde ir a São Paulo para o evento, mas os modernistas escolheram seu poema “Os sapos” como uma espécie de declaração de princípios. Publicou algumas das principais obras da poesia brasileira da primeira metade do século XX, como “Libertinagem” (1930) e “Estrela da Manhã” (1936).

Paulo Prado
Homem de negócios apaixonado pelas artes, milionário que se julgava de esquerda, historiador amador que se sentiu à vontade entre os jovens modernistas, Paulo Prado (1869-1943) é um personagem essencial e pouco lembrado do modernismo. Rico cafeicultor, foi o principal mecenas da Semana de 22 e um interlocutor fundamental para seus integrantes: assinou o prefácio de “Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade, e colaborou tanto com a concepção de “Macunaíma” que Mário de Andrade dedicou o romance a ele.

Ronald de Carvalho
Poeta hoje pouco lido, Ronald de Carvalho (1893-1935) costuma ser mais lembrado por seu papel algo insólito na Semana de 22. Com a ausência de Manuel Bandeira, doente, coube a ele receber as vaias pela leitura do poema “Os sapos”. Foi um dos poucos brasileiros a manter contato com o modernismo português, participando do 1 número da revista “Orpheu” (1915), que publicou poemas vanguardistas de Fernando Pessoa.

Di Calvanti
Foi de Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) a ideia da realização de uma Semana de Arte Moderna em São Paulo — é o que conta a maior parte das versões de uma história repleta delas. Naquele momento, ele era um artista diferente daquele que se tornaria célebre com a pintura de paisagens brasileiras, retratos de mulatas e preocupação social. Di Cavalcanti apresentou sobretudo desenhos e pastéis na exposição da Semana de 1922, além de ter sido o autor de seu cartaz e da capa do catálogo com a programação. Em seus anos mais experimentais, Di criou ilustrações para revistas modernistas como a “Klaxon” e para livros como “Carnaval”, obra de Manuel Bandeira cujo poema “Os sapos” foi lido durante a Semana e chocou parte da plateia.

Victor Brecheret
Nascido Vittorio em Farnese, na Itália, Victor Brecheret (1894-1955) foi adotado pelo grupo modernista como o “Rodin brasileiro”, o representante da escultura na exposição da Semana de Arte Moderna de 1922. Na década de 1910, Brecheret estudou artes no Liceu de Artes e Ofícios, orgulho da São Paulo que se modernizava, e depois em Roma. De volta à capital paulista, o artista se destacou num ambiente de poucas experimentações na escultura. Em 1954, o desbravamento do país pelos bandeirantes, tão valorizado pelos modernistas paulistas, foi retratado por Brecheret na obra “Monumento às bandeiras”, no Parque do Ibirapuera, nas comemorações dos 400 anos de São Paulo.

www.infoescola.com › Artes -
www.suapesquisa.com/artesliteratura/semana22/ 
www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=12998 -

MODERNISMO NO BRASIL
    O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. O movimento no Brasil foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo.[1] As novas linguagens modernas colocadas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram aos poucos assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando como enfoque elementos da cultura brasileira. Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco. Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.
   O seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançados inúmeros processos e ideias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.`` A Primeira Fase do Modernismo foi caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições, sendo ela rica em manifestos e revistas de circulação efêmera. Foi o período mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de romper com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:´´...se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista.[1] Isto é teatro é uma experiência eficaz para o futebol.
   Havia a busca pelo moderno, original e polêmico, com o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A volta das origens, através da valorização do indígena e a língua falada pelo povo, também foram abordados. Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do passado foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e destruidor. Um mês depois da Semana de Arte Moderna, o Brasil vivia dois momentos de grande importância política: as eleições presidenciais e o congresso de fundação do Partido Comunista em Niterói. Em 1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário de Andrade um de seus fundadores. A Ação Integralista Brasileira, movimento nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932, por Plínio Salgado.
  Recebe este nome do termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é uma das consequência das agitações em torno da Semana de Arte Moderna. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
   Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1924, é republicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil. Este manifesto dizia que a arte brasileira deveria ser de "exportação" assim como o Pau-Brasil.[1]

Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-1929)
Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, criticando-se o “nacionalismo afrancesado” de Oswald.[1] Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo. Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".

Manifesto Regionalista de 1926
   1925 a 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife).Presidido por Gilberto Freire busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, Alfredo Pirucha, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral, em 1926.

Revista de Antropofagia (1928-1929)
   É a nova etapa do Pau-Brasil, sendo resposta a Escola da Anta. Seu nome origina-se da tela Abaporu (O que come) de Tarsila do Amaral.
O Antropofagismo foi caracterizado pela assimilação (“deglutição”) crítica às vanguardas e culturas europeias, com o fim de recriá-las, tendo em vista o redescobrimento do Brasil em sua autenticidade primitiva. Contou com duas fases, sendo a primeira com dez números (1928 – 1929), sob direção de Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp, e a segunda publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário do Rio de Janeiro em 1929, tendo como secretário Geraldo Ferraz.

Primeira fase
   Iniciado pelo polêmico manifesto de Oswald, conta com Antônio de Alcântara Machado, Mário de Andrade (com a publicação de um capítulo de Macunaíma em seu 2º número), Carlos Drummond (3º número, publicou a poesia No meio do caminho); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.

Segunda geração (1930-1945)
Vinícius de Moraes
   Estendendo-se de 1930 a 1945, a segunda fase foi rica na produção poética e, também, na prosa. O universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi construtiva.
Não sendo uma sucessão brusca, as poesias das gerações de 22 e 30 foram contemporâneas. A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22, devido ao encontro de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.
   A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se responsável.Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino. Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais. O humor quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentaram certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917).
   A consciência crítica estava presente, e mais do que tudo, os escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.

Terceira geração (1945-1980)
   Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se:O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22, o que faz com que, na concepção de muitos estudiosos(como Tristão de Athayde e Ivan Junqueira), esta geração seja tratada como pós-modernista.A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”.[4] No início dos anos 40, surgem dois poetas singulares, não filiados esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo. Estes considerados por muitos os mais importantes representantes da geração de 1945.

pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil


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